Os Membros Fundadores do CPG (p. 291)

nº2 (2008)

Derivações Semânticas da Geopolítica

A revista pode ser adquirida na livraria ON-LINE Mare Liberum Editora cujo endereço é: www.mareliberumeditora.pt (encontra-se em «revistas»).

Sumário

Mais um pequeno passo em frente… (p. 7)

Armando Teixeira Carneiro

Com este segundo número da GEOPOLÍTICA damos continuidade ao projecto inicial começando, no entanto, a criar novas linhas de evolução:

  1. alargando a visão geopolítica a outras perspectivas e tendências, sem, no entanto, se perderem os princípios gerais e canónicos da disciplina,
  2. olhando atentamente para outros espaços geopolíticos, que não somente a Europa e as suas interfaces com os EUA e com espaços a Leste, conscientes de que o fenómeno da globalização acelerou e intensificou as relações de dependência e de interferência em todo o mundo,

iii. trazendo novos pensamentos e novos textos geopolíticos de autores nacionais e estrangeiros,

  1. recordando e reeditando, de modo antológico, figuras e textos geopolíticos de referência.

De facto, queremos progressivamente alargar a visão geopolítica da nossa revista a situações diferentes, …

Derivações Semânticas da Geopolítica (p. 13)

Pedro de Pezarat Correia

resumo

As ambiguidades na definição do conceito de geopolítica. da geopolítica à geopolitik e ao seu aproveitamento como teorias comprometidas, justificativas dos poderes dos respectivos Estados. Do ostracismo à recuperação pela escola realista norte-americana da Guerra-Fria. A geopolítica está na moda, conceito abrangente, derivação semântica e consequente descaracterização. A sobreposição entre geopolítica e geoestratégia. A nova geopolítica e a possibilidade que se reabre a espaços de reflexão distintos da geopolítica e da geoestratégia.

palavras-chave

 

geopolítica, geoestratégia, poder, espaço, derivação semântica, teoria comprometida, conceito abrangente

abstract

Ambiguities regarding the geopolitics concept. From geopolitics to geopolitik and its utilisation as committed theories to justify power politics of States. From taboo to revival by the US realists during the Cold War. The “fashion” of geopolitics as a comprehensive concept, and its semantics deviation. Overlap between geopolitics and geostrategy. The new geopolitics and the opening of new areas of theoretical research on geopolitics and geostrategy as different realities.

keywords

geopolitics, geostrategy, power, space, semantics deviation, committed theory, comprehensive concept

Recursos, Energia e Geopolítica (p. 43)

José Manuel Freire Nogueira

resumo

As nações do mundo industrializado dependem, numa escala sem precedentes históricos, dum fornecimento de energia contínuo e abundante. Sendo a geografia injusta – uns recebem muito, outros quase nada – a distribuição de riquezas no mundo sempre foi objecto da Geopolítica que, hoje entendida geralmente – e mal – como sinónimo da Grande Política Internacional, necessita dum renovado esforço de reflexão teórica, focada nos temas da energia. O problema não é novo e existe, pelo menos, desde o Neolítico. Foi, no entanto, desde a grande abertura do séc. XVI que o poder mundial se concentrou na Europa e nos poderes marítimos centrados no Atlântico, apenas perturbado pelas possibilidades que o caminho-de-ferro veio dar às linhas interiores. No entanto, foram os poderes marítimos que venceram os dois grandes conflitos do século XX. Mas com o fim das guerras civis europeias, tornadas mundiais, as colónias – pejadas de recursos minerais e energéticos – não tardaram a aceder à independência e, algumas delas, aperceberam-se dos seus interesses comuns. Foi assim que a OPEP mostrou o seu poder com o embargo de 1973. Desde aí, não menos de 17 crises de abastecimento afectaram o Mundo. Passados mais de 30 anos, num mundo global, sem a bipolarização da Guerra-Fria, mas com a instabilidade permanente como pano de fundo e as necessidades inexauríveis da China e da Índia, o cenário é bem diferente.Não só existe um problema quantitativo, como mais de 60% do petróleo consumido no Ocidente se destina aos sistemas de transporte. Isto é, uma crise, actualmente, teria saídas bem mais difíceis do que em 1973. Este artigo procura reflectir sobre as opções em aberto.

palavras-chave

geografia, recursos, progresso técnico, segurança do abastecimento, geopolítica, pan-regiões

abstract

 

Modern developed nations rely on energy more than ever before. The problem is not new and has been present since Neolithic ages. It was with the Grand Opening of the 16th century that world power has concentrated in Western Europe and in the Atlantic. Maritime powers were only challenged by the use of railways in the turn of the 19th to the 20th century, but they prevailed in the two major conflicts of the 20th century, which caused, among other things, the independence of countries where critical resources tend to concentrate. Because geography is very unfair and unequal – some get much, some get nothing – vital resources located in distant, and frequently unstable regions, are much more difficult to get in the globalised World – where the competition is apparently free – than they were in a planet divided by spheres of influence, as it was the case during most of history until only 15 years ago. New players such as China and India have entered the game and there is a generalized feeling that existent resources are not enough for everybody’s needs. Geopolitics, which is simply the impact of geography on politics, needs a new focus on energy matters. New formulations as well as new paradigms are required. This article deals with a possible refocusing of geopolitical discussion and theory on the security of energy supply.

keywords

geography, resources, technical progress, security of supply, geopolitics, pan-regions

Geopolítica, Riscos Securitários e Remilitarização no Ártico:alguns apontamentos (p. 75)

Joám Evans Pim

resumo

O celebrado discurso de Murmansk de 1987, no que Gorbachev apelara para a transformação do Ártico em uma ‘Zona de Paz’, parece ter ficado no esquecimento. Falara-se então de criar uma zona livre de armas nucleares do Norte da Europa, restringir a actividade naval militar e estabelecer pontes de cooperação na gestão e exploração de recursos, proteção ambiental, investigação polar e trânsito marítimo. No entanto, as perspectivas de futuro ligadas ao denominado ‘câmbio climático’ – que não apenas abrem as possibilidades de navegação, mas também de exploração das imensas reservas minerais e de combustíveis fósseis – trouxeram consigo o reavivamento das tensões entre os países circumpolares. Estas tensões mostraram já os primeiros indícios de uma remilitarização do Ártico, acrescentando aos numerosos riscos ambientais que aeaçam a uma das regiões mais frágeis do planeta um novo leque de riscos securitários.o presente texto constitui uma breve aproximação em clave geopolítica Às importantes transformações que está a viver na atualidade esta área crucial.

palavras-chave

Árctico, câmbio climático, energia, relações internacionais, segurança

abstract

Ice covers approximately 18% of Earth’s surface, playing an essential role determining global climate. An important part of this surface is constituted by the Arctic, an ocean that apparently keeps huge reserves of minerals and hydrocarbons, conforming a space to which sailors have looked up to for over four hundred years in the search for an alternative way to transit from the Atlantic to the Pacific. As a consequence of ice reduction, the community of states that cohabit circumpolar shores, together with the wider international community, have realized the actual possibility of taking usufruct of such resources and the transport routes that make them accessible. Dissension over these issues has already leaded to the first signs of Arctic remilitarization, affecting no only security but also the fragile regional ecosystems. As different manoeuvres develop, this text seeks to tackle the main questions posed by the effects of climate change in the Arctic strategic outlook.

keywords

Arctic, climate change, energy, international relations, security

La Humanidad en Movimiento, um Reto del Siglo XXI – Una visión desde España (p. 103)

Leopoldo Seijas Candelas

resumo

Las migraciones internacionales han sido parte fundamental de la historia de la humanidad. Las guerras, la pobreza, las persecuciones o los desastres naturales han llevado a hombres y mujeres de todo el mundo a abandonar sus países de origen para buscar en otros lugares nuevas oportunidades o simplemente protección. En la Unión Europea, sobre todo a partir de la apertura de fronteras y la libre circulatión de ciudadanos, unido a la caída del Muro de Berlín, se ha producido un fenómeno que puede afectar seriamente dese un punto de vista geopolítico en toda Europa como son los movimientos de grandes grupos de personas de unas zonas que eran tradicionales de asentamiento, a otras que se encuentran fuera de sus límites continentales, como es el caso de los africanos y asiáticos. La regulación de la emigración no se puede limitar únicamente al control de los flujos, sino que también hay que estudiar la forma en que se pueden integrar. España, por su situación geográfica, es uno de los países más afectados por la avalancha de inmigrantes.

palavras-clave

migraciones, países, fronteras, Unión Europea, regulación, flujos, integrar

abstract

International migration have always been a key part of the history of mankind. Wars, poverty, persecutions or natural disasters have resulted in men and women from all around the world abandoning their countries of origin to look for new opportunities in other places, or simply protection. In the European Union, especially after the opening of borders and the fall of the Berlin Wall, there has occurred a phenomenon that can have serious geopolitical repercussions throughout Europe, from the movements of large groups of people from their traditional settlements, to others outside their continental borders, such as the Africans and Asians. The regulation of emigration cannot merely be limited to controlling the movements, but must also study how these populations can be integrated. Spain, because of its geopolitical situation, is one of the countries most affected by the avalanche of immigration today.

 

keywords

 

migrations, countries, borders, European Union, regulation, movements, integrate

Breves Nótulas Geopolíticas sobre as Relações Peninsulares (p. 119)

António Manuel Horta Fernandes

resumo

As relações peninsulares são hoje um esteio particularmente importante para Portugal e Espanha. Porém, esta relação não dá lugar por si a uma relação geopolítica e geoestratégica equilibrada no âmbito internacional. Há dois temas fundamentais ainda por resolver: o medo criado por determinados sectores portugueses a uma dominação espanhola; e as relações de Portugal com as Comunidades Autónomas espanholas, especialmente com os seus núcleos nacionalistas. Assim, a Portugal interessa-lhe sobretudo uma crescente interpenetração com Espanha, configurando um bloco regional ibérico.

palavras-chave

Portugal, Espanha, geopolítica, soberania, nacionalismo, autonomia, convergência, peninsular

abstract

Peninsular regions, in a geopolitical sense are today a particularly important support to the two peninsular countries. Nevertheless, this involvement does not naturally result in a balanced geopolitical and geostrategic relationship in international terms. There are two fundamental issues that remain unresolved: the fear, created by some Portuguese sectors, of a Spanish imposition; and Portugal’s relations with Spanish autonomous regions, particularly with their nationalist nuclei. In this situation, Portugal is interested in an ever increasing interpenetration with Spain, configuring an Iberian regional bloc.

keywords

Portugal, Spain, geopolitics, sovereignty, nationalism, autonomy, convergence, peninsular

O Equilíbrio Ibérico em Perspectiva e Prospectiva: Estrutura e História (p. 133)

António Paulo Duarte

resumo

O propósito deste artigo é a apresentação de uma visão sintética das estruturas que asseguraram a independência de Portugal perante a Espanha ao longo da sua História. Este texto é uma síntese, o mais condensada possível, tendo em conta, a trama em consideração, o jogo do equilíbrio peninsular. Resumiu-se as estruturas do equilíbrio ibérico a três grandes períodos: um primeiro, entre os séculos XII e XVI, onde os estruturadores do equilíbrio (os elementos basilares que asseguravam o equilíbrio) assentaram em forças endógenas a Portugal, sem grande necessidade de apelar a poderes externos; um segundo período estruturante, entre os séculos XVII e XX, onde a independência do país se salvaguarda na aliança marítima e num sistema internacional multipolar, que assegura em simultâneo, a não absorção de Portugal pela Espanha e a preservação do império; um terceiro período inicia-se no século XX, correspondendo ao jogo do porvir, alicerçando-se a equipendência peninsular na integração de Portugal em plurais blocos político-económico-culturais.

palavras-chave

equilíbrio ibérico, Espanha, Portugal, estruturadores do equilíbrio, sistema internacional, equilíbrio endógeno, equilíbrio exógeno, estrutura

abstract

The purpose of this article is to present the structures of the Iberia equilibrium that assures the Portuguese independence towards Spain. This is a synopsis, taking into account, the vastness of the study: the Iberia geopolitical chessboard. Three vast sructures preside to the Iberia equilibrium: the first, between the twelfth and the sixteenth century, when the forces that assure the peninsular equilibrium were based in Portuguese internal power; a second structure, between the seventeenth and the twentieth century, when Portuguese independence from Spain were supported by the maritime alliance with Britain and in a multipolar geopolitical system; a third Iberia equilibrium arquitecture is still in process of formation, in a globalized international system and where the independence of Portugal depends of its integration in several political, economical and cultural blocks.

keywords

Iberia equilibrium, Spain, Portugal, structures of equilibrium, international system, structure, endogenous equilibrium, exogenous equilibrium

O Desafio da Cultura Europeia nas Fronteiras da Europa: Cluj-Napoca, Transilvânia (p. 159)

Paulo Castro Seixas

resumo

Com o fim da URSS, a integração na Europa da União apresentou-se na Europa de Leste como alternativa ao esboroar dos Estados-Nação mas à euro-expectativa associa-se um eurocepticismo. O desafio da construção de uma Cultura Europeia é uma possibilidade sendo que as regiões-fronteira e as suas capitais, enquanto cidades atravessadas por diversos fluxos globais, são laboratórios para a testagem e avaliação de eventuais novos modelos ideológicos relativos à construção de uma Cultura Europeia que possibilite vencer o desafio da sobrevivência da convivência da diferença. Cluj-Napoca, cidade capital da Transilvânia é, pela sua história passada e recente, um desses laboratórios de estudo em que a Europa das Etnias e a Europa das Pátrias se está a encontrar com a Europa da União na sua relação difícil entre supra-nação e super-nação. É esta cidade que procurarei analisar ao longo deste texto.

palavras-chave

etnicidades na Europa, sócio-semiótica, cidades-fronteira, cultura europeia

 

abstract

 

With the end of USSR, the integration in the economcal and political union of Europe became an alternative for Eastern Europe, an alternative to the downfall of the nation states. However, the euro-expectations and the euro-skepticism comes together. The challenge of building a European Culture is a possibility. Border regions and their capitals, traversed by diverse global flows should not only be seen as laboratories for studying the relation between new economic-financial fluxes and old and new cultural and social differences. They can also be laboratories for testing and evaluating new ideological models necessary for building a European Culture, necessary for facing the challenge of preserving coexistence in difference. Cluj-Napoca, the capital city of Transylvania could be one of the laboratories in which the Europe of ethnicities and the Europe of homelands meet the Europe of the Union in its intricate relation between supra-nation and super-nation.

keywords

ethnicitires in Europe, socio-semiotics, frontier cities, european culture

As Duas mais Antigas Matrizes das Navegações (p. 187)

Jorge Nascimento Rodrigues

resumo

Neste artigo abordamos a ‘ligação’ esquecida entre as Histórias Portuguesa e Chinesa na época remota de Quatrocentos e Quinhentos. O abandono abrupto das Navegações no Índico pela dinastia Ming abriu a oportunidade histórica que viria a ser aproveitada pela dinastia de Aviz. Separadas por quase cem anos, as duas estratégias no Índico estão ainda mais apartadas pela diferença abissal nos seus princípios directores. Revisitar a estratégia Ming no Índico entre 1405 e 1433 pode ser um elemento inspirador para se entender a projecção chinesa actual. A hipótese formulada é a da existência implícita de duas matrizes das ‘Descobertas’ no século XV, apontando as suas semelhanças e as suas diferenças. No caso chinês, essa matriz está dispersa e não estruturada em diversas publicações sobre o tema das Navegações chinesas, que surgiram, desde 2005, com o aniversário dos seus 600 anos. Apenas, nos limitamos a sugerir uma forma de juntar as peças. No caso português, a referida matriz foi apresentada no livro Portugal, Pioneiro da Globalização.

palavras-chave

Descobertas, globalização, projecção de poder, soft power, hard power, China, Portugal, Zheng He

abstract

Portuguese and Chinese Histories have a profound historical linkage – the globalization path in its birth period. In the 14th and 15th Centuries the Portuguese and Chinese Navigators and Explorers shared a common portfolio of world vision: strategic intent, out-of-the box thinking, scientific commitment and power projection. Both revealed strategic intelligence – the most important ingredient of great power politics. The Chinese stopped the oceanic projection just at the moment the Portuguese become the new maritime challenger. It was the opportunity window  for the Portguguese – they finished what the Chinese left unfinished. They fill the vacuum left by the Chinese. And accomplishing that mission, the Portuguese gave birth to the globalization, as a new long historical step of the evolution of the world system. Ironically, the Chinese came from the South China Sea to the Indian Ocean. The Portuguese did the reverse route – from the Atlantic to the “locked” Indian Ocean and afterwards to some regions of the Pacific. In this paper we intend to formulate the hypothesis of two Discoveries’ Matrixes, its similarities and differences. Both research projects on these Matrixes are very recent. They need more study and investigation.  The Portuguese Discoveries Matrix was presented in the book Pioneers of Globalization, and the Chinese Matrix is un-structured described in different papers and books from Chinese and foreign origin. We only put the pieces together, in a comprehensive frame.

keywords

Discoveries, globalization, power projection, soft power, hard power, China, Portugal, Zheng He

A Organização de Cooperação de Xangai como Instrumento Geopolítico Sino-Russo na Ásia Central (p. 207)

Carmen Amado Mendes e Maria Raquel Freire

resumo

Este artigo aborda o relacionamento entre a China e a Rússia nos planos bilateral e multilateral, nomeadamente no seio da organização de Cooperação de Xangai (Shangai Cooperation Organization – SCO). Assumindo o papel de grandes peões do sistema internacional, os dois países partilham interesses (energéticos, por exemplo) e preocupações (luta contra o terrorismo e crime organizado), simultaneamente competindo pela preponderância e afirmação a nível regional, enquanto ocultando objectivos baseados em dinâmicas de realpolitik (projecção de poder). Será o discurso de cooperação sino-russo apenas retórica política ou implicará o estabelecimento intencional de uma parceria orientada para objectivos geo-estratégicos, políticos e de segurança muito concretos? Este artigo questiona se a SCO surge numa tentativa genuína de enquadrar em termos institucionais a cooperação político-militar e de segurança entre a Rússia e a China, funcionando como um instrumento de aproximação entre Moscovo e Pequim, ou se é apenas uma manobra estratégica para alterar a posição actualmente assumida por estes actores na ordem internacional. Olhando para as dinâmicas subjacentes, percepções, projecção e intersecções de poder, bem como para a dicotomia discurso oficial versus medidas implementadas, particularmente no enquadramento da SCO, este artigo entende que a construção de uma parceria estratégica genuína entre Moscovo e Pequim está longe de ser uma realidade. Considerações de realpolitik sobrepõem-se a objectivos institucionais, mostrando as linhas de (des) continuidade nesta relação bilateral quer em termos de discurso quer de acções.

palavras-chave

China, Rússia, Organização de Cooperação de Xangai, cooperação, competição, afirmação regional

abstract

 

This paper analyses the Sino-Russian relationship at the bilateral and multilateral levels, namely within the Shangai Cooperation Organization (SCO). As two big players in the international system, they both share interests (energy fo example) and concerns (fight against terrorism, organized crime), while simultaneously competing for preponderance and affirmation at the regional level, with hidden objectives promoted by realpolitik dynamics (power projection). So, the question arises: is the Russian-Chinese cooperation discourse mere political rhetoric or does it imply the intentional forging of a goal-oriented partnership, with concrete geostrategic, political and security objectives? This paper addresses the issue of whether the SCO emerges as a genuine attempt to frame, in an institutionalized way, political-military and security cooperation, working as an insrument for rapprochement between Russia and China, or if instead it is just a strategic maneuver to change the position of these actors in the international order. By looking at underlining dynamics, power perceptions, projection and intersections, as well as to the discourse versus practice dichotomy, particularly in the framing of the SCO, this paper understands that the building of a genuine strategic partnership betwen Moscow and Beijing is still far from real. Realpolitik considerations rise above institutional goals, showing the lines of (dis) continuity of this bilateral relationship in discourse and practice.

keywords

China, Russia, Shanghai Cooperation Organization, cooperation, competition, regional affirmation

O Irão de Ahmadinejad: a consolidação de uma potência regional? (p. 237)

Maria do Céu Pinto

resumo

A característica mais constante do regime islâmico do Irão, criado pela Revolução Islâmica de 1979, é a sua preocupação com a sobrevivência e a percepção dos seus líderes que o regime se encontra permanentemente ameaçado por factores internos e externos. A eleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, em 2005, é o reflexo da reacção de certos estratos conservadores às ameaças enfrentadas pelo regime nos últimos anos. No plano interno, a resposta aos movimentos reformistas que se desenvolveram após a morte de Khomeini, tem sido a lenta transição para um autoritarismo convencional do regime e a consolidação das redes clientelares e das elites ligadas ao poder. A surpreendente estabilidade económica do Irão, potenciada pela alta do petróleo, permite antever a manutenção dos sistemas de patronato e repressão que permitem ao regime controlar a oposição interna. No plano internacional, a sombra de uma intervenção militar dos Estados Unidos e as oportunidades criadas pelo desequilíbrio na balança de poder regional com a queda do Iraque, explicam a agressiva política externa do Irão e o desenvolvimento do seu programa nuclear.

palavras-chave

Irão, islamismo, xiismo, autoritarismo, Golfo Pérsico, armas nucleares

abstract

 

One of the most important development in the early XXIst century in the Middle East is the rise of Iran to become a regional great power. This has come about as part of Iran’s drive for nuclear weapons, but also due to other factors including the country’s geopolitical assets and a relative power vacuum in the region. Iran is also undergoing a gradual regime change today. Bolstered by the surprising stability of its economy, a new generation in Tehran is beginning to evolve from the existing clerical theocracy towards a more conventional authoritarian regime. This article describes the political orientation of the regime of President Mahmoud Ahmadinejad and identifies his international bases of support. It also examines Iran’s nuclear quest as the animating force that fuels the country’s collective belief that such capability will provide a deterrence against prospective enemies, chief of all the USA. Given, however,the ideology and extremism of the Islamist regime, Iran’s growing influence has serious consequences for the region’s stability, balance of power and Western interests. They could well become a central global issue in the coming years.

keywords

Iran, shiism, authoritarianism, Persian Gulf, nuclear weapons

A Estratégia e o Novo Aeroporto Nacional (p. 263)

Carlos Manuel Mendes Dias e João Luís Rodrigues Leal

resumo

Neste artigo pretendemos tão somente efectivar um acto de cidadania, tentando materializar mais um contributo de apoio a uma decisão sobre a construção e localização de um novo aeroporto internacional, vertendo a componente informadora da estratégia como disciplina, apoiada na aproximação a um factor geopolítico/geoestratégico, utilizado pelo campus geopolítico, em diferentes estudos, incluindo o da definição de objectivos no quadro do planeamento de acção estratégica e em variadas concepções de dinâmica de poder.

palavras-chave

estratégia, factor físico, factor circulação, aeroporto

abstract

This article aims to apply the geopolitical and strategic knowledge in a way that contributes to support the decision about the need and location of a new international airport in Portugal. Strategy that, as a discipline, informs the high levels of decision and in this case, its advice is based in the analysis, not exhaustive, of two geopolitical/geostrategic factors. Also it’s important to say that those geopolitical/geostrategic factors are or should be used in the strategic planning, including in the definition of international system actors’ objectives, namely states. At last and simultaneously, with this text, is our inention to materialize a normal citizenship act.

keywords

strategy, physical factor, circulation factor, airport

 

 

 

Figuras e Páginas Antológicas (p. 289)

A partir deste segundo número iremos começar a relembrar figuras ligadas aos estudos de geopolítica e textos que são importantes referências históricas da bibliografia sobre geopolítica. Ao mesmo tempo que os acompanharemos de breves notas biográficas sobre os seus autores.

Esta revista irá assim, ao longo do tempo, criar uma antologia geopolítica que sirva de base de estudo aos novos interessados pelos estudos geopolíticos e que lhes sirva para descodificarem bem todo o enquadramento conceptual que distingue objectiva e claramente a investigação geopolítica dos estudos sobre estratégia ou relações internacionais.

Abrimos estas páginas com um notável texto de Fernando Rebelo…

Alfredo Fernandes Martins (1916-1982). Um Géografo Português que Gostava e fazia Gostar de Geopolítica (p. 291)

Fernando Rebelo

Alfredo Fernandes Martins nasceu em Coimbra no ano de 1916. Depois de uma rápida passagem por Medicina, ingressou na Faculdade de Letras, no Curso de Ciências Geográficas. Aí se licenciou em 1940, defendendo, então, uma tese a que deu o título de O Esforço do Homem na Bacia do Mondego. Por influência de Aristides de Amorim Girão, estudou toda a Bacia Hidrográfica do Rio Mondego e utilizou a metodologia da Geografia Regional.

A sua carreira universitária, todavia, …

Sir Halford John Mackinder (1861-1947). Autor do Primeiro Modelo Geopolítico Europeu do Século XX (p. 307)

Armando Teixeira Carneiro

O Pivot Geográfico da História (p.317)

Halford John Mackinder

Quando os historiadores de um futuro distante se debruçarem sobre os séculos pelos quais estamos a passar, numa perspectiva condensada, tal como hoje olhamos para a civilização egípcia, pode acontecer que descrevam os últimos 400 anos como a “época colombiana” e digam que esta terminou pouco depois do ano 1900. Tornou-se comum declarar o fim da exploração geográfica e reconhece-se que a geografia deva ser desviada para as finalidades de inspecção intensa e de síntese filosófica. Em 400 anos conseguiu-se, com razoável precisão, delinear o mapa do mundo e, …

 

 

 

Políbio Valente de Almeida. Breves Notas Curriculares Sobre um Iniciador dos Estudos de Geopolítica em Portugal (p. 329)

Armando Teixeira Carneiro

Políbio Fernando Amaro Valente de Almeida nasceu no Porto, a 19 de Junho de 1932, na freguesia de S. Nicolau – o centro histórico da cidade, com as Igrejas de S. Francisco e de S. Nicolau, o Palácio da Bolsa, o Mercado Ferreira Borges, o Cais da Ribeira, a Casa do Infante, as ruas sempre animadas. A família materna (os Amaro) era originária de Aveiro, tendo-se instalado em Esgueira no dealbar do século XX. A família paterna (os Valente de Almeida) era originária de Ovar, cujos antepassados eram da zona de Pardilhó, ligados, ao longo de séculos, à construção de barcos em madeira, terra que ainda abriga os últimos construtores de moliceiros, detentores ainda do pau de pontos, vara marcada com a qual desenham, com rigor, caca novo barco dimensionalmente igual aos anteriores…

Tem 2 irmãos igualmente nascidos no Porto. Um deles, Fernando, na qualidade de …

Breve Esboço Geopolítico da América do Sul (p. 335)

Políbio F.A. Valente de Almeida

“I -GENERALIDADES

  1. Penso ser necessário definir o objectivo deste breve esboço, já que a expressão «América do Sul» pode conter algumas ambiguidades.

A América do Sul «é uma realidade geopolítica de conteúdo diferente da América Latina». A primeira inclui…” (In “Ensaio de Geopolítica”, 1994, Lisboa: edição conjunta do ISCSP – Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, da UTL – Universidade Técnica de Lisboa e do IICT – Instituto de Investigação Científico Tropical).

Os Membros Fundadores do CPG (p. 367)

Os Novos Autores na Geopolítica n.º 2 (p. 379)