nº3 (2009)

O Coração da Eurásia contra o resto do Mundo

A revista pode ser adquirida na livraria ON-LINE Mare Liberum Editora cujo endereço é: www.mareliberumeditora.pt (encontra-se em «revistas»).

 

Sumário

 

Reenquadramento Institucional (p.7)

Armando Teixeira Carneiro

Com a publicação do terceiro número da GEOPOLÍTICA mantemo-nos dentro dos objectivos fundamentais que dentro do universo da FEDRAVE – Fundação para o Estudo e Desenvolvimento da Região de Aveiro ab initio marcámos.

  1. i) Demonstrar que o mundo português – entendido hoje não como…
  2. ii) Perceber que novas visões geopolíticas se começam a colocar em vários sentidos,…

iii) Tentar prospectivar a evolução geopolítica do mundo no século XXI, …

  1. iv) Mostrar que os centros dos mundos, os umbigos, não são sempre centros de criatividade e de inovação das sociedades e que…
  2. v) Que as barbacãs e as muralhas que rodeiam algumas das universidades e politécnicos portugueses – e outros similares nalguns países europeus – só prejudicam…
  3. vi) Introduzir nesta revista mais uma língua de raiz latina, depois do espanhol, aparecido no nº 2, e, de novo, neste nº 3, o italiano, reforçando assim aquilo a que…

vii) O CPG – Centro Português de Geopolítica, primeira das instituições de I&D do ISCIA, que aproveita o trabalho interligado dos seus membros fundadores, pertencentes a …

viii) Por último, em cada pequeno centro de formação superior politécnica que constituem o todo que denominamos ISCIA – Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração, hoje, como que…

A Importância deste Número…(p. 11)

José Manuel Freire Nogueira

Do ponto de vista editorial, com este número, a GEOPOLÍTICA dobra o seu “cabo das Tormentas” já que costuma dizer-se que quando uma revista atinge o seu número três é porque “tem pernas para andar”. Esperamos assim que, tal como aconteceu com a ponta Sul da África, este cabo seja, afinal, o cabo da “Boa Esperança”.

O Coração da Eurásia contra o resto do Mundo – Ensaio de geopolítica e relações internacionais (p. 17)

José Alberto Loureiro dos Santos

(comunicação à Academia de Ciências de Lisboa como sócio correspondente efectuada no dia 10 de Julho de 2008)

resumo

 

Os pensadores geopolíticos clássicos deram enorme importância ao espaço e à posição, tentando determinar onde residiam as chaves do poder, associando, de acordo com os interesses que defendiam, essas chaves com o controlo de determinadas áreas e meios de circulação. Este ensaio tenta trazer o raciocínio geopolítico à actualidade partindo do princípio que é grande poder quem junta uma grande população, um largo espaço (associado normalmente aos recursos) e um conhecimento adequado. Assim, é apenas actor quem tem o conhecimento mas a quem faltam a grandeza da população e do território, ou quem, dotado de um ou mais destes últimos atributos, não possui o necessário conhecimento para deles tirar partido. Utilizando uma analogia insular, os poderes do mundo são hierarquizados em quatro níveis, contendo ilhas, quase-ilhas, ilhéus e quase-ilhéus de poder, recorrendo-se à noção de arquipélago de poder para definir eventuais associações entre os vários núcleos de poder.

palavras-chave

poder, espaço. população, recursos, conhecimento, ilhas de poder

abstract

Classical geopoliticians considered space and position as factors of paramount importance, in their quest to identify the keys of power, associating them usually, with the control of selected areas and circulation environments all that in accordance with the interests that they were striving to promote. This essay aims at bringing geopolitical reasoning to present time, departing from the notion that a great power encompasses a large population, a huge space (usually associated with abundant resources) alongside with an appropriate level of knowledge. Thus, is simply an actor whatever power that has the expertise but lacks the magnitude of the population and territory, or conbersely, any power having one or both of the latter, but without the required knowledge to take advantage of them. Utilizing an insular analogy, world powers are classified in a four-layer hierarchy of islands of power, nearly islands of power, small islands and nearly small islands of power, using the notion of power archipelago to define associations of various power centres.

keywords

power, space, population, resources, knowledge, power islands

O Tempo e as Ressonâncias. Os Estados Modernos, o Anarquismo, o Anarco-Sindicalismo e o Jihadismo (p. 51)

Armando Marques Guedes

resumo

Algumas das mudanças nos tabuleiros geopolíticos contemporâneos têm uma genealogia interessante que importa pôr à vista. Nos últimos anos tem sido comum o estabelecimento de comparações entre a violência política anarquista e anarco-sindicalista de finais do séc. XIX e inícios do XX, por um lado e, por outro, da jihadista da passagem do séc. XX para o XXI. Convergências e divergências são identificadas, que apontam no sentido de um fenómeno de média-longa duração, ligado a inovações ao nível de modalidades de comunicação, formas organizacionais (estaduais e não-estaduais), e tecnologia de armamentos. Tudo isto é colocado contra o pano de fundo do empowerment político potenciado por estas inovações, e da progressão de formas emergentes de desigualdade política e social que são geradas no quadro de um adensamento cada vez maior de modos de cooperação: aqueles tornados viáveis entre Estados e entre entidades não-estaduais na paisagem geopolítica genérica da padronização da interdependência complexa caracterísitica de um Mundo em globalização acelerada.

palavras-chave

terrorismo, violência política organizada, formas organizacionais, palavras-de-ordem, células, reacção estadual, limites cosmopolitas, viscosidade política

abstract

Some of changes in the blueprint of contemporary geopolitics have an interesting genealogy that should be brought to light. In the last few years we have seen the rise of comparisons between the political violence carried out by anarchists and anarcho-syndicalists in late XIXth and the early XXth Century, on the one hand, and, on the other, that typical of late XXth to early XXIst jihadists. Convergences and divergences are identified which point to the presence of a ‘medium to long duration’ phenomenon, linked to innovations on the planes of modes of communication, organizational forms (State as well as non-State ones), and weapons technology. This is looked at against the backdrop of the political empowerment that is activated by such innovations, and of the progression of emergent forms of political and social inequality which are generated within the framework of an ever-greater thickening of modes of cooperation: that rendered viable among States and among non-State entities in the generic geopolitical landscape of the patterning of complex interdependence characteristic of a fast globalizing world.

keywords

terrorism, organised political violence, organisational forms, mots d’ordre, cells, state reactions, cosmopolitan limits, political viscosity

Regresso aos Clássicos (p. 99)

Pedro de Pezarat Correia

(texto da conferência que o autor efectuou, em Aveiro, a 16 de Julho de 2008, no auditório da Região de Turismo da Rota da Luz, no lançamento público da GEOPOLÍTICA, Nº 2)

resumo

Rudolf Kjellén e o seu livro O Estado como forma de vida, na génese do termo geopolítica. O apogeu da geografia e o momento histórico envolvente, na passagem do século XIX para o século XX, fomentaram a associação poder e espaço, política e geografia, da qual resultou geopolítica. O espaço vital na abordagem prospectiva de Kjellén e sua projecção na actualidade. O prenúncio crítico de Kjellén da expansão colonial na sequência lógica do princípio do espaço vital. O objectivo de Rudolf Kjellén: reformar a ciência política, alargar a essência do Estado ao seu conteúdo vivo. A lucidez de Ladis Kristof na demarcação entre geoestratégia e geopolítica. O general Giacomo Durando que em 1846 usou, pela primeira vez o termo geoestratégia.

 

palavras-chave

clássicos, geopolítica, espaço vital, determinismo, ciência política, geoestratégia

abstract

Rudolf Kjellén and his book The State as life form  in the origin of geopolitics as a term. The climax of geography and the historical environment prevailing during the transition of the 19th century to the 20th as a catalyst of the association of power and space, politics and geography, from which geopolitics was derived. Kjellén and the vital space, and his critical view of the colonial exoansion. The reformation of the political science and its extension to the study of the living form of the State as the scientific  aim of Rudolf Kjellén. The distinction between geostrategy and geopolitics by Ladis Kristof. The use of the word geostrategy in 1846 by General Giacomo Durando.

keywords

classics, geopolitics, vital space, determinism, political science, geostrategy

La Geopolítica de la Información en el Nuevo Contexto Internacional (p. 113)

Leopoldo Seijas Candelas

resumo

El contenido de este articulo exige, en primer lugar, trazar unas breves consideraciones sobre el proceso globalizador o de mundialización, concepto, éste último, preferido por Mattelart puesto que defiende que mundialización es palabra latina mientras que globalización es un anglosajonismo. Este proceso no es más que un estadio natural de evolución en la especie humana como consecuencia de los avances tecnológicos. un proceso que añade complejidad a la historia de la humanidad pero que, por sí mismo, no es positivo ni negativo: su cualificatión se la otorga el propio ser humano en función de cómo administre el acontecimiento. En este sentido, como dice Manuel Castells, y dado el panorama de desigualdades que se observa todavía, ” no hay que cambiar la tecnologia, hay que cambiar la sociedad”. La globalización tecnológica es un aspecto esencial de la globalización económica, que puede estudiarse de forma autónoma, sin olvidar nunca el contexto en el que está inmersa. De hecho, muchos de los acontecimientos que publican los medios de comunicación sobre este tema de la globalización informativa aparecen en medios especializados, como pueden ser los económicos. Dentro del contexto de globalización tecnológica, no podemos dejar pasar por alto los grandes grupos multimedia, como alguien les ha denominado “los nuevos amos del mundo”, que han entrado en una dinâmica de alianzas, fusiones, absorciones y concentraciones, tratando de tomar posiciones en el domínio de una “infraestructura de la información global a través de las nuevas tecnologias” que en los próximos años veremos florecer y con las cuales tendremos que convivir en nuestra vida cotidiana. De hecho, con algunas de ellas, ya convivimos aunque no sea de una forma intensa. Castells estima que, como Internet, la globalización lo invade todo (se está refiriendo directamente al mundo desarrollado e indirectamente al resto). La incidencia de esa globalización en el mundo tecnológico lleva consigo, según Castells, que “en el mundo actual, los ciudadanos forman su opinión política, económica, cultural, etc a través de las nuevas herramientas tecnológicas que el desarrollo está poniendo al servicio de la sociedad”.

 

palavras-chave

mundialización, geopolítica, información, internacional, medios de comunicatión, tecnología, sociedad

abstract

This article subject requires, firstly, to make some briefly considerations about the globalization process. This concept can be expressed in two ways in Spanish language; as “proceso e globalización” and as “mundializacón” (comes from the word “mundo”, what means “world”). The concept “mundialización” is the one preferred by Matterlat as he argues that it is a latin word, while the concept “globalización” is an Anglicism. This process is considered as a natural evolution stadium of the human species as a consequence of the technological development. This is a process that introduces certain complexity in the human being history, but in itself is not considered as positive or negative: its qualification is given by the human being according to the way the event is managed. Regarding this aspect, and as Manuel Castells says, and also according to the disparity situation existing today, “the technology does not have to be changed, but the society”. The technological globalisation is an essential aspect of the economical globalisation, that can be studied independently without forgetting the context in which it exists. In fact, most of the events published by the mass media about the communication globalisation appear in specialised media, as the economic. Within the technological globalisation context, we cannot forget the importance of the great multimedia groups, also known as the “new owners of the world”, which have started an alliance, fusion, absorption, and grouping dynamics, with the intention of reaching a dominante position in a global infrastructure through the new technologies” which will develop within te next years and which we will have to cope with in our day life. Nevertheless, we already live together with some of them, though not in a very intensive way. Castells thinks that, as it happens with the Internet, the globalisation invades everything (this is referred directly to the developed countries and indirectly to the rest). The introduction of that globalisation in the technological world implies, according to Castells, that “in the actual world, citizens form their politic, economic and cultural opinion according to the new technological tools that the development is providing to the society”.

keywords

globalization, geopolitics, communication, international, the Media, technology, society

A Questão Curda (p. 145)

António Paulo Duarte

resumo

O presente artigo debruça-se sobre a questão curda. O texto divide-se em três capítulos. O primeiro capítulo lida com a identidade curda, e relaciona o espaço e o tempo (a dimensão geográfica e a dimensão histórica de longa duração) com o desenvolvimento de uma entidade étnica e cultural específica. O segundo capítulo refere-se à História, e fundamentalmente à História contemporânea da questão curda. O terceiro, que remete para a situação actual dos curdos no Iraque e na Turquia. O artigo tem por base os métodos geopolítico e histórico-estrutural. Utilizam a História e a Geografia para compreender um dado contexto étnico e político-étnico. O objectivo geral do texto é o de dar, em grandes pinceladas, uma visão da realidade curda. Esta, complexa como é, jamais pode ser delimitada em algumas páginas. A finalidade deste texto é por isso o de lançar pontes para uma mais ampla compreensão da questão curda, tentando entendê-la, a partir de vários ângulos.

palavras-chave

Curdos, Curdistão, Império Otomano, Turquia, Iraque, etnia, nacionalismo, nacional, nação, estado, conflito, guerra

abstract

This article reviews the Kurdish problem. The text is divided in three chapters. The first deals with the Kurdish identity. It relates the time, the longer time and the space of the Kurds as well as the development of an ethnic identity. The second chapter looks at the History, mainly the modern History of the Kurds. The final chapter reviews the Kurdish issue, today, in Iraq as in Turkey. The geopolitical method was applied. Also, it was used the Historical method developed by the French “École des Annales”. Basically, these methods use Historical and Geographical evidences to study cultural, political and ethnical questions (and others, not relevant for this paper). The purpose of the article is to look at the Kurdish problem in a synthetic way. The issue being so complex, all we can expect is that the following few pages may pave the way to further studies. That’s the fundamental purpose of the text. The article, also, tries to address the Kurdish issue from several standpoints.

keywords

Kurds, Kurdistan, Ottoman Empire, Turkey, Iraq, ethnic, nationalism, national, nation, state, conflict, war

Outrora…Europa banhou-se no Mediterrâneo (p. 173)

Carlos Manuel Mendes Dias

resumo

Neste artigo pretendemos olhar para o Mediterrâneo através dos prismas da geopolítica e da estratégia. As preocupações com este conjunto geopolítico de segunda grandeza são uma realidade e objecto, não só de reflexões de natureza académica, mas também de planeamento e de acção por parte dos diferentes poderes políticos, incluindo o português. A proximidade do referido espaço à geografia física portuguesa torna inevitável que pensemos nele, que o caracterizemos e que possamos ser incluídos, de forma favorável, nas diferentes dinâmicas de poder que nele se projectam.

palavras-chave

espaço geopolítico, estratégia, geografia, factores geopolíticos

 

abstract

This article aims to look to the Mediterranean, using the geopolitical and strategic knowledge. The concern with this second dimension geopoltical set is a fact and the several academic studies together with the planning and actions/activities taken by the different political powers, including the Portuguese, proves it. The Portuguese vicinity to that region induces, in a mandatory way, that we think and conclude about the possible dynamics of power that can be projected there. The main purpose will be our inclusion in those dynamics, in a favorable way.

keywords

geopolitical space, strategy, geography, geopolitical factors

O Porto Paquistanês de Gwadar no Enquadramento Geopolítico da República Popular da China(p. 221)

Jorge Tavares da Silva

(O presente ensaio foi apresentado publicamente pelo autor na Second European Consortium for Political Research Conference na Universitat Autònoma de Barcelona, Espanha, 27 de Agosto de 2008)

resumo

Comprometida com um admirável e inédito programa de crescimento económico, a política externa chinesa está muito comprometida com a denominada “diplomacia do petróleo” (shiyou waijiao), cuja preocupação central se situa na obtenção de parcerias estratégicas que possibilitem aproximações cirúrgicas a importantes fontes de energia. Neste sentido, a China tem estreitado laços de cooperação em tous les azimuts, por vezes em destinos comprometedores para a segurança internacional. O desenvolvimento do mega projecto do porto de águas profundas de Gwadar, na costa paquistanesa, a pouca distância das importantes jazidas do Golfo Pérsico, enquadra-se neste tipo de estratégia, estando envolvidos trunfos geopolíticos que parecem ir muito mais além dos habituais dividendos mercantis. Sabe-se que o projecto se insere num plano alargado de controlo marítimo, que se estende para lá da península indochinesa, em cuja extensão o Império do Meio vai criando alguns postos de controlo e vigilância, os quais no seu conjunto têm sido apelidados por “colar de pérolas”. A questão principal é saber se a clara projecção do poder da China para além das suas coordenadas geográficas, numa simbiose estratégica que oscila entre o soft e o hard power, confirma a tendência do país em se tornar numa nova talassocracia de ascensão global. O presente ensaio vai ao encontro da real importância geopolítica que envolve a construção do porto de Gwadar, salientando os seus factores críticos de sucesso e a s principais contrariedades, na ânsia de melhor compreender o que está em jogo para aquela região e para o mundo.

palavras-chave

Paquistão, China, Golfo Pérsico, Gwadar, petróleo, consumo, crescimento económico, geopolítica, segurança energética, linhas de comunicação marítimas

 

abstract

Evolved with a remarkable and unprecedented programme of economic growth, the Chinese foreign policy is well committed with the so-called “oil diplomacy” (shiyou waijiao), whose central concern is the establishment of strategic partnerships that could allow surgical approaches to important sources of energy. In this sense, China has strengthened ties on tous les azimuts, sometimes at hazardous destinations for international security. The development of the deep-water port mega project of Gwadar in the Pakistani coast, near important oil deposits of the Persian Gulf, fits this strategy, revealing geopolitical advantages that go far beyond market dividends. It is known that the project is part of a broader plan for sea control, which extends beyond the Indochinese peninsula, in which the Middle Kingdom is setting up some posts of control and vigilance, being known as “the string of pearls”. The main issue is to understand if the clear projection of China’s power beyond its geographical coordinates, in a strategic symbiosis that ranges from the soft and the hard power, confirms the trend of the country to become a new world rising thalassocracy. This paper aims to unveil the real geopolitical importance that involves the construction of the port of Gwadar, stressing its critical success factors and major setbacks, looking for a better understanding of what is at stake for the region and the world.

keywords

Pakistan, China, Persian Gulf, Gwadar, oil, consumption, economic growth, geopolitics, energy security, sea lines of communication

Um Ensaio sobre a Governação na Era da Globalização (p. 253)

Luís Borges Gouveia, Nuno Neves e Carlos Carvalho

resumo

(Texto elaborado a partir de outro texto que serviu de base para debate realizado no âmbito do Curso de Auditores de Defesa Nacional [CDN2008/Porto] e que incluiu contribuições de Manuel Cordeiro e Afonso Bragança Fernandes)

Vivemos numa época de mudança. O desaparecimento das fronteiras e suas delimitações tradicionais, que constituíam factores determinantes de soberania das nações tem de ser repensado face à realidade e impacto do digital e da Sociedade do Conhecimento. Em especial, a globalização introduziu novas perspectivas que é necessário acautelar para proceder a uma leitura geopolítica do mundo actual e do papel que cada Estado tem, pode, e deve assumir. Este ensaio procura analisar e enquadrar a governação na era da globalização de modo a permitir a constituição de duas visões sobre essa mesma realidade que se confrontam e cujo objectivo dos autores é a sua clarificação com vista a que as questões da governação possam subsidiar de forma mais clara, exercício de estratégia e geopolítica.

palavras-chave

sociedade do conhecimento, globalização, governação, digital, segurança e defesa

abstract

 

We live in a time of change. The growing failure of physical borders, considering their traditional value of granting national sovereignty, must be reinvented due to the impact of the knowledge society and the digital world provided by computers and nertworks. In particular, the globalization phenomena forces new perspectives that must be taken into account to reflect on the new nation roles and how geopolitics functioning in a globalized world. This essay proposes an initial study to make context on how governance will be affected by globalization. This study proposed the existence of two main visions that clash together and whose acknowledgement may help to inform better geopolitics analysis.

keywords

knowledge society, globalization, governance, digital, security and defense

Figuras e Páginas Antológicas (p. 269)

Continuando a prática introduzida no número anterior vamos referindo relevantes figuras ligadas aos estudos geopolíticos, tanto a nível internacional como nacional, a publicar análises bio-bibliográficas e a reproduzir textos que foram referências no passado século XX.

Por razões lógicas não iremos repetir as notas bibliográficas anteriormente publicadas mas, para ajudar os leitores, passaremos a introduzir índices remissivos dos números anteriores.

À medida da possível cadência que os exclusivos meios próprios permitam, a GEOPOLÍTICA irá criando uma antologia geopolítica, base formativa e comparativa para novos estudos e suporte das actividades de I&D aplicada que o ISCIA pretende desenvolver no seu já referenciado CPG – CENTRO PORTUGUÊS DE GEOPOLÍTICA. Sempre com a preocupação de que fique bem clara a análise geopolítica, interpretativa dos fenómenos sociais e políticos numa envolvente geográfica – física e humana – relativamente ao simples excursus das ocorrências políticas internacionais e regionais, próprios dos centros de estudos das relações internacionais.

Neste número apresentamos um conjunto notável de textos analíticos e biográficos sobre um relevante, temporariamente incompreendido e desditado geopolítico europeu: Karl Haushofer. Pelas suas relações com Adolf Hitler e a sua entourage política, que se aproveitaram dos…

Karl Haushofer (1869-1946). O Pai da Geopolítica das Ditaduras Europeias (p. 271)

Mario G. Losano

resumo

Em 1945 o principal geopolítico alemão – Karl Haushofer (1869-1946) – foi preso e interrogado pelas autoridades Aliadas no intuito de decidir se deveria ou não ser julgado no Tribunal de Nuremberga. O seu inquiridor foi o geopolítico e jesuíta norte-americano Eduard Walsh (1885-1956) que concluiu no seu inquérito que não havia razões para levar Haushofer a julgamento. No final das inquirições, Haushofer escreveu uma auto defesa, que constitui, na verdade, simultaneamente uma apologia da sua geopolítica e um testamento espiritual, já que em 1946, se suicidava. Haushofer tentou demonstrar que Hitler não compreendera as suas ideias e que a sua geopolítica jamais fora tão agressiva como aquela que os Nazis praticaram. No entanto, Walsh apenas aceitou uma pequena parte destas justificações, situação que é espelhada na introdução ao texto de Haushofer e à qual se segue o texto integral da sua defesa.

palavras-chave

Karl Haushofer, geopolítica alemã, julgamento de Nuremberga, deturpação nazi da geopolítica, defesa da geopolítica, testamento espiritual

abstract

In 1945 the German chief geopolitician – Karl Haushofer (1869-1946) – was arrested and inquired by the Allied authorities in order to decide if he should be charged in the Nuremberg Trial. His counterpart was the American geopolitician and Jesuit Eduard Walsh (1885-1956), who concluded his inquiry exculpating Haushofer. At the end of this hearing Haushofer wrote a self-defence, which is an apology of geopolitics, as well as his spiritual testament, since he committed suicide in 1946. Haushofer tried to demonstrate that Hitler misunderstood his ideas and that geopolitics never was so agressive as the Nazis practiced it. However, Walsh accepted only a minimal part of his justifications. The introduction to Haushofer’s pages gives an account of this situation, followed by the integral text of his self-defence.

keywords

Karl Haushofer, German geopolitics, Nuremberg Trial, distortion of geopolitics by the Nazis, defence of geopolitics, spiritual testament

Il testamento Geopolítico di Karl Haushofer (p. 301)

Mario G. Losano

resumo

Em 1945 o principal geopolítico alemão – Karl Haushofer (1869-1946) – foi preso e interrogado pelas autoridades Aliadas no intuito de decidir se deveria ou não ser julgado no Tribunal de Nuremberga. O seu inquiridor foi o geopolítico e jesuíta norte-americano Eduard Walsh (1885-1956) que concluiu no seu inquérito que não havia razões para levar Haushofer a julgamento. No final das inquirições, Haushofer escreveu uma auto defesa, que constitui, na verdade, simultaneamente uma apologia da sua geopolítica e um testamento espiritual, já que em 1946, se suicidava. Haushofer tentou demonstrar que Hitler não compreendera as suas ideias e que a sua geopolítica jamais fora tão agressiva como aquela que os Nazis praticaram. No entanto, Walsh apenas aceitou uma pequena parte destas justificações, situação que é espelhada na introdução ao texto de Haushofer e à qual se segue o texto integral da sua defesa.

abstract

In 1945 the German chief geopolitician – Karl Haushofer (1869-1946) – was arrested and inquired by the Allied authorities in order to decide if he should be charged in the Nuremberg Trial. His counterpart was the American geopolitician and Jesuit Eduard Walsh (1885-1956), who concluded his inquiry exculpating Haushofer. At the end of this hearing Haushofer wrote a self-defence, which is an apology of geopolitics, as well as his spiritual testament, since he committed suicide in 1946. Haushofer tried to demonstrate that Hitler misunderstood his ideas and that geopolitics never was so agressive as the Nazis practiced it. However, Walsh accepted only a minimal part of his justifications. The introduction to Haushofer’s pages gives an account of this situation, followed by the integral text of his self-defence.

Um Esboço Geopolítico de África (p. 325)

Políbio F.A. Valente de Almeida

  1. NOTA PRÉVIA

A síntese que vai seguir-se resulta de 30 anos de investigação e de ensino da disciplina de Geopolítica. De investigação no IICT (Instituto de Investigação Científica Tropical) onde, no Centro de Socioeconomia, foi possível uma longa abordagem de questões tropicais desde as sociológicas, demográficas, culturais, económicas, até ao projecto actualmente em curso sobre a definição de áreas de poder em África. Este projecto…

Quem são os Membros Fundadores do CPG (p. 357)

Quem são os Autores introduzidos na Geopolítica (2) (p. 369)

Quem são os novos Autores na Geopolítica (3) (p. 379)

Sumários dos n.º 1 e 2 (p. 385)